Como devo escrever sobre mim, escrever sobre como à noite eu me viro na cama, relembrando a primeira metade da minha vida sem conseguir dormir; escrever sobre como, na escola, eu não tinha ambição, era brincalhão e deixava os estudos de lado; escrever sobre como todos os dias eu engano a mim mesmo dizendo que estou feliz, quando na verdade não tenho coragem nem para continuar vivendo; escrever sobre como eu ando desorientado, já tendo passado pela primeira metade da vida, mas sem nenhuma habilidade; escrever sobre como não tenho um emprego estável, mas ando por aí há muito tempo; escrever sobre como não tenho sonhos, vivendo cada dia de forma confusa.

Ao longo do caminho, tropeçando e cambaleando, conhecendo o calor e o frio por conta própria, meus olhos há muito perderam o brilho, como se fosse uma máquina sem emoções. Falar do passado é como contar uma piada; falar do futuro é como uma história de ficção; falar do presente é viver em confusão e não conseguir realizar nada.